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Publicado em 06/12/2021

Amanda Mires e Larissa

Há Brasil após COP26?

Conferência das partes abre oportunidade para novo futuro mas o país terá que enfrentar a realidade.

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Ao longo de duas semanas, ocorreu na cidade de Glasgow, no Reino Unido, a conferência das partes. Se este evento parece ser indiferente, talvez, mencionar as expressões “mudanças climáticas” ou “emissão de carbono”, torne ele mais familiar. Foi a partir do dia 31 de outubro deste ano, que a cidade da Escócia cedeu espaço para debates, ideias e projetos para acelerarmos o processo de redução de carbono e caminharmos para um mundo mais sustentável e colaborativo.

A COP26 obteve grande relevância devido ao acordo de Paris, assinado em 2015.  Este, concorda que, a cada 5 anos, seja feita a atualização das contribuições dos países, com vistas a aumentar a contribuição para melhoria do planeta.

 

Desde sua criação, este acordo, expõe o compromisso dos países apresentarem planos que reduzam as emissões de gases na atmosfera, as NCDs (Contribuição Nacionalmente Determinada), para controlar a temperatura da terra, com objetivo de manter o aquecimento global em 1.5ºC, o que evita aumentos de tragédias naturais a cada vez que a temperatura fracionalmente da Terra eleva.

A maior meta a ser alcançada é a redução de emissão de carbono na camada atmosférica o mais rápido possível. Países mais desenvolvidos estão financiando países subdesenvolvidos, para que todos possam entrar na corrida da eliminação dos gases.

Com tantos projetos apresentados, o mercado tende a mudar. Um termo muito usado ao longo da Conferência foi a “Revolução da Indústria Verde”, abrindo precedentes para acreditar que o futuro será bem diferente do que é hoje. Mas onde está o Brasil nisso tudo?

Após o encerramento do evento, as discussões se mantêm em alta para a indústria brasileira, grupos ativistas, ambientalistas e investidores. É imprescindível que o povo brasileiro entenda que, mesmo a COP 26 tendo acontecido há quilômetros de distância, devemos nos integrar e trazer para a nossa realidade a importância de todo o contexto. Assim, garantir que o mercado se mova e abra melhores oportunidades para todos, seguindo o que foi previsto nas pautas.

Nós não estamos livres dos efeitos discutidos na Conferência por não saber sobre ela. O conhecimento é o primeiro passo para solicitar o fim dos desastres naturais influenciados por atividades humanas. Só no ano de 2021, o Brasil passou por ventanias devastadoras, chuvas cada vez mais intensas que causaram danos extremos, além do frio incomum que foi responsável por muitos óbitos.

O Brasil é um país que tem como grande fator econômico a agropecuária e as empresas petrolíferas, o que aumenta a responsabilidade das empresas em tomarem medidas para reverter o cenário. Para 2030, espera-se a eliminação do uso de combustíveis fósseis e o zeramento da emissão dos gases oriundos do desmatamento e criação de gado. E por outro lado, o solo brasileiro possui imenso potencial, devido à vasta biodiversidade, para progredir e lançar-se em um mercado sustentável.

A palavra “urgência” pode ser um tanto quanto intimidadora, mas ela reflete exatamente o que o planeta está precisando. Muito mencionada ao longo das apresentações, empresas e grandes marcas estão tendo que apontar medidas para reverter o dano causado até o presente. Isso torna imprescindível a tomada de consciência de todos. O mercado vai mudar, e, consequentemente, os hábitos de quem consome também. Após duas semanas de apresentação de projetos, que visam transformar a forma de viver, levantam-se dúvidas se o país está pronto para esse próximo passo. Enquanto as nações estão se movendo rapidamente para fazer os ajustes e cumprir com as metas, o Brasil encontra-se muito distante de ser protagonista desta mudança.

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ECONOMIA

COP 26: Brasil do desmatamento ao desenvolvimento

           A 26° Conferência das Nações Unidas sobre as mudanças climáticas que ocorreu no início de novembro em Glasgow, na Escócia, tratou da urgência de investir e aplicar uma indústria sustentável para que os países possam cumprir os acordos de redução da temperatura média global. Empresários e investidores mostram uma visão positiva para as metas estabelecidas e pedem pela sua execução.

A indústria brasileira tem contribuição na emissão de gases do efeito estufa, gerada por grandes setores da economia como a agropecuária. Nesta conferência o Brasil se comprometeu com a redução de 30% da emissão do gás metano e com o fim do desmatamento ilegal até 2028, mas manteve sua NDC (Contribuição Nacionalmente Determinada) sem alterações em relação a estipulada em 2015 no acordo de Paris.  Ademais, manteve a meta de 43% no corte de emissões dos gases até 2030, o que se mostrou como falta de ambição para a inserção do mercado sustentável no país; além disso, a falta de detalhamento das ações para alcançar esse objetivo, deixou dúvidas na indústria sobre as metas brasileiras.

A CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro de Desenvolvimento Sustentável) promoveu, no dia 23 de novembro, um evento online, o Debriefing da COP26, que trouxe à público o tema: “empresários pelo clima”, mostrando como as empresas brasileiras estão lidando com essas medidas urgentes e visões futuras para o Brasil neste cenário. O Debriefing contou com a presença de Denise Hills, diretora global de sustentabilidade da empresa Natura, que comentou sobre a importância do acordo de florestas que se refere ao desmatamento, ressaltando que o descumprimento deste pode levar a perda de exportações do mercado internacional, já que países da Europa não pretendem financiar práticas ilegais, ainda mais as que geram efeitos negativos em escala global.

A preservação da biodiversidade também é um ponto essencial para gerar créditos de carbono. A indústria do carbono foi efetivamente citada durante o debate, e a gerente de clima, Natália Renteria, explicou sobre a funcionalidade e a regulamentação deste mercado. A criação desse projeto no protocolo de Kyoto e a sua continuidade no Artigo 6° do acordo de Paris vem para flexibilizar a redução e combinar a responsabilidade dos países, mostrando que, além do cumprimento do NDC, ao ultrapassar as metas estabelecidas, o país pode lucrar negociando a sua redução, e, após 6 anos, o mercado ganhou condições de funcionamento e uma atualização na sua estrutura, podendo participar dessa indústria o país que atingir corretamente a sua NDC. Outro ponto frisado pela gerente é o reconhecimento da Salvaguarda neste artigo, ou seja, atribuir valor aos povos protetores do nosso meio ambiente, no Brasil, são os indígenas que marcaram forte presença nesta COP.

A participação de Liége Correia, Diretora de sustentabilidade da JBS, uma das maiores empresas no ramo da pecuária e também do agronegócio tanto no Brasil quanto no mercado exterior, representa a grande responsabilidade nas emissões de gás metano. O Brasil está no ranking dos maiores emissores devido ao mercado bovino, em que os animais liberam esse gás pelos dejetos e intestino. Liége se encarregou de explicar como a JBS pretende contribuir com essa redução de 30%, e falou sobre um novo suplemento nutricional, que reduz em até 90% a liberação de metano pelos animais e já teve a sua regulamentação aprovada no Brasil. Além deste projeto, a JBS assumiu o Netzero até 2040, pretendendo um adiantamento de 10 anos da meta. Apesar de parecer uma medida assustadora, a diretora diz que o país tem potencial para atingir e ultrapassar a meta.

Finalizando o debate com um  parecer governamental, o Deputado Federal Marcelo Ramos discorreu sobre a existência de projetos para o mercado de carbono nacional que devem ser implementados o quanto antes. Afirmou que logo terá votações para a aprovação, declarando que a participação do Brasil nessa redução é obrigatória e só prevê benefícios com uma nova tecnologia e um novo mercado verde gerador de empregos e investimentos em larga escala, tendo, o país, um potencial para se desenvolver muito através dessas novas medidas de preservação. Os participantes comentaram que a parceria entre os setores público e privado é essencial para alcançar um novo nível na indústria brasileira.

O evento contou com a presença média de 260 pessoas. Alguns participantes comentaram sobre a falta de projetos direcionados à mudança energética do país, assim como a utilização de combustíveis fósseis e a queima destes também por veículos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

SOCIAL

COP 26: Brasil da promessa a realidade

Pela primeira vez na história da COP, os indígenas tiveram protagonismo e foram considerados parte fundamental para que o mundo avance com as mudanças climáticas. E isso aconteceu logo no primeiro dia de abertura do evento, com discurso da ativista indigena brasileira, Txai Suruí, que frente a líderes e autoridades mundiais fez a seguinte afirmação: “nunca alcançaremos justiça climática sem justiça social para os povos indígenas”.

Dentro de tantos acordos e prazos, é como se estivéssemos correndo contra o relógio. Não precisa estar envolvido no assunto para perceber os desastres naturais que estão ocorrendo em todo o mundo e comprometendo a ideia de futuro para as próximas gerações. Entre as propostas para um  mercado mais sustentável que transformará a economia, grandes entidades entenderam que não há mudança sem inclusão. E, principalmente, em países como o Brasil, é fundamental que haja reconhecimento social para a evolução comercial.

A floresta Amazônica, pauta central em diversos assuntos na Conferência, está sendo ameaçada, e, gradualmente, prejudicada. Construção de usinas hidrelétricas, garimpo ilegal, contaminação dos rios, extração irregular de madeira e crescente desenfreada de criação de gado e plantação de soja, são alguns exemplos do que ocorre nas matas e caracterizam o que chamamos de ecocídio. Ecossistemas vêm sendo destruídos, espécies sendo extintas e povos originários dessas terras ameaçados a cada novo projeto e invasão que ocorre nessas áreas. “Se o mundo todo está preocupado com o meio ambiente tem que ter demarcação, respeito aos direitos indígenas, expulsão dos invasores dos nossos territórios e respeito ao protocolo de consulta”, disse Alessandra Korap, líder indígena da tribo Munduruku, durante sua apresentação na COP.

É de geração para geração que os povos indígenas passam seus conhecimentos ancestrais adiante. É por meio de sua educação e contato com as matas, rios e animais que eles preservam os biomas, cumprindo com seu papel imperativo na manutenção do equilíbrio climático. Os ambientes que os cercam não são só moradia, mas parte de sua história e costumes, formando sua identidade.

Com a falta de fiscalização e tomadas de posse, a demarcação de terras se torna um problema não só para os povos que vivem ali, mas também para a cura da Terra. As ativistas indígenas presentes no evento, alertam e abrem questionamento para que haja vigilância sobre projetos apresentados e o que as empresas estão vendendo. “Eles querem roubar nossas vidas, nossa dignidade, essência e nosso espírito”, relatou Juma Xipaia, ativista natural da aldeia Tukamã. “Quem eles estão financiando?”, questiona Alessandra Korap.

O caminho para o futuro já está sendo traçado, vozes que sempre foram silenciadas estão tendo a oportunidade de serem escutadas. Estamos caminhando para um mundo mais inclusivo ou novamente alimentando um mercado que vende ideias persuasivas sem de fato se preocupar com quem sempre esteve preocupado com a vida?

LINHA DO TEMPO:

 

Acompanhe os principais acontecimentos ao longo dos anos:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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