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Publicado em 06/12/2021
Jonathan, Lucas Israel e Sara Santos
A ausência de pessoas negras no Jornalismo
No dia 25 de Outubro, foram homenageados na entrega da 43ª edição do Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos em cerimônia online transmitida pelo Youtube, o intelectual Abdias Nascimento e a jornalista Neusa Maria. Apesar das homenagens a essas personalidades negras, entre os trabalhos finalistas e os premiados, no entanto, não houve nenhum trabalho indicado ao prêmio relacionado com o combate ao racismo nos meios de comunicação.
Guilherme Soares Dias, integrante da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial de São Paulo ligada à Comissão Nacional de Jornalistas pela Igualdade Racial (Conajira), em entrevista à agência de jornalismo especializado na temática racial no Brasil Alma Preta pontua: “Os prêmios de jornalismo refletem o embranquecimento -e a misoginia- do jornalismo e da sociedade. É uma maioria branca que compõe as redações e o júri do prêmio”. Criada há mais de 20 anos, a Conajira está vinculada à Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj) e reúne os coletivos de jornalistas na luta pela diversidade e igualdade racial dos sindicatos de São Paulo, Rio Grande do Sul, município do Rio de Janeiro, Distrito Federal, de Alagoas e da Bahia.
As redações dos veículos de comunicação ainda não espelham a maioria da população do Brasil enquanto que 76% dos jornalistas profissionais são declaradamente brancos. “Infelizmente, a pauta racial ainda é uma parte pouco significativa e destacada da cobertura. A maneira como a imprensa e os prêmios enxergam essa cobertura é reflexo do racismo estrutural”, afirma Guilherme Dias.
A ausência de lideranças negras nas equipes de reportagem faz com que reforcem os estereótipos raciais de destaque à pessoas não brancas apenas em datas comemorativas, como o mês da consciência negra, ou à presença constante no noticiário policial. Notamos que recentemente há um esforço da mídia tradicional no aumento da diversidade racial em suas redações, por exemplo, a ascensão da jornalista Maria Júlia Coutinho de repórter a âncora do programa “Fantástico”, o dominical mais assistido.
Outra conquista é o programa de estágio trainee da Folha de São Paulo, lançado no começo do ano para estudantes universitários de jornalismo e profissionais negros já formados em qualquer área do conhecimento. “Foi por meio de um programa de trainee que entrei no jornalismo há 20 anos. Conheço a importância da iniciativa e considero uma honra coordenar o programa da Folha, o primeiro voltado para jornalistas negros”, disse Flávia Lima, a primeira mulher negra a ocupar o cargo de ombudsman da Folha.